20 junho 2007

Explicar o inexplicável

Gerson era um típico esportista mirim. Jogava basquete, futebol, handball, vôlei, peteca... Enfim, gostava de tudo que envolvia atividade física. É verdade que também brincava no fliperama. Mas quem resiste a esta maravilha inventada para distrair e estimular a mente do homem?

Mas, vamos ao que interessa. Chegam às férias de fim de ano e Gerson já lustrava suas chuteiras quando seus pais decidem tirar férias para colocar o casamento no lugar. É inevitável e lógico que sobraria para o garoto. Dito e feito. A casa de seu tio Tarcísio era o destino do garoto nessas férias.
Depois de relutar, fazer greve de fome e ficar desidratado de tanto chorar, Gerson vê que não tem opção e acaba se rendendo a vontade de seus pais.

O casal larga o moleque na casa do titio e parte para o aeroporto. O semblante do garoto é deplorável, mas “Tio Tarcísio” tinha uma carta na manga para transformar as férias do garoto em algo totalmente novo.

Todo sábado era sagrado, Tarcísio sai de casa de manhã e volta só no final da tarde. O local era sempre o mesmo: o clube da cidade. Jogar futebol de mesa era seu hobbie e aquele homem queria que o filho de sua irmã mais nova também se rendesse ao charme daquele esporte secular.

O garoto chega ao clube desconfiado, afinal, não conhecia ninguém. Seu tio passou pelas quadras poliesportivas e o garoto já babava, sedento por esportes, mas Tarcísio passou reto e entrou em outro lugar: Uma sala enorme, com várias mesas em forma de campo de futebol, umas travinhas e um monte de gente com uma flanela na mão e uns botões de acrílico em cima da mesa.
Mesmo com apenas 14 primaveras nas costas, Gerson já sabia o que aquilo significava. Como seu planejamento de férias já tinha ido para a lixeira, o menino solta o corpo e o gingado e se dispõe a aprender um pouco mais sobre o esporte.

Seu tio não era nenhum “Pelé das mesas”, mas até que fazia seus golzinhos e ganhava umas partidas. Naquele dia estava treinando firme para o torneio de domingo. Ao terminar o treinamento, Tarcísio guarda seu time na caixa, sua flanela na mochila e pega uma bolinha.
Nesse momento, o garoto indaga ao tio porque de guardar uma bolinha. O tio, meio sem graça, revela:
- Estamos passando por momentos difíceis, Gerson. Além de pagar taxas absurdas para disputar os torneios, ainda temos que levar uma bolinha para poder jogar, a Federação não fornece esse tipo de material.

Gerson fica confuso, aquilo tudo não fazia sentido, parecia coisa de outro mundo.
- Quanto custa uma bolinha dessa? Será que é cara? Mas é tão pequena... Indagava o garoto com seus neurônios.

Chega o dia do torneio e Tarcísio suava frio, suas mãos eram constantemente secadas na camiseta do clube que defendia. Gerson ficou do lado de fora, na arquibancada.
No desenrolar do campeonato, o tio do garoto surpreende e passa para as finais. Tarcísio enfrentaria o melhor jogador do torneio e estava muito concentrado.
Quando o jogo é anunciado, Gerson foi o único a aplaudir o tio, o resto da arquibancada – meio vazia é verdade – assovia e grita o nome do adversário.

Os dois apresentam seus times na mesa e Tarcísio é o mandante do jogo, segundo a tabela. Momentos antes de começar do jogo, o tio do garoto não parava de procurar nos bolsos a bolinha que tinha utilizado durante todo o campeonato.
- Com certeza alguém pegou por engano, dizia.
Como era seu dever possuir uma bolinha para disputar o campeonato, Tarcísio foi eliminado do torneio nas semifinais.
Entre lamentações e explicações tardias, lá estava Gerson, olhando tudo aquilo abismado.

Sem falar uma palavra, o garoto sai do ginásio antes do campeonato acabar e vai jogar fliperama. O futebol de mesa acabara de perder mais um futuro jogador.


Renê escreve no blog do Fundação toda semana (será?). Preparou essa história hoje, depois de ver uma notícia bizarra sobre o esporte.

8 comentários:

Anônimo disse...

É complicado quem não está participando dar opinião.

Por isso acho que esse blog que tem coisas muito legais precisa rever algumas coisas antes de publicar.

No aberto realizado no Sesc Pompéia, todos os participantes receberam uma bolinha e o que foi passado pela federação é que até o fim do ano essa seria a bolinha que o botonista deveria usar nos abertos.

Então temos que tomar cuidado com afirmações do tipo "ainda temos que levar uma bolinha para poder jogar, a Federação não fornece esse tipo de material".ISSO NÃO É VERDADE.

Essa administração tem feito um trabalho muito bom inclusive limpando a casa depois de uma administração que levou um dinheiro que era patrimônio de todos os botonistas.

Por isso vamos nos informar antes de criticar.

Anônimo disse...

Em que pese o bom trabalho que esta administração tem feito, é natural que opiniões divergentes possam surgir e com isso todos ganharemos e o esporte ainda mais. O faot é que esse caso da bolinha é novo e por ser novo havedrá de encontrar quem concorde e quem discorde da decisão. O fato da decisão ter sido tomada sem qualquer explicação, deixa margem a posicionamentos diferenciados. Se o site da FPOFM estivesse no ar, lá provavelmente poderi existir uma notra dizendo: "senhores botonistas, a FPFM após analisar fatos referente a bolinhas decide que..... e assim todos saberiam porque a FPFM tomou essa decisão.
Enfim, acho que ainda é tempo para uma explicação sobre a decisão se jungarem necessário, uma vez que nunca foi necessário dar a um botonista uma bolinha para que ele a conserve por 12 meses, se é que ela vai durar isso tudo. a minha esta na caixa e só vou utilizá-la nos abertos, mas nem todos farão a mesma coisa. Gozado será se os dois botonistas tiverem com bolinhas ruins. Quem perderá será o esporte com certeza.

De qualquer forma, estaremos sempre tentando colaborar com aqueles que se dedicam a fazer deste esporte uma coisa séria, como é o caso da atual adm.

Brambilla

Anônimo disse...

Por favor,
Publiquem que haverá um bingo no dia 7/7 as 19:00 no salão de festas do clube.
Peço que o pessoal do b otão compareça para prestigiar e com isso também nos confraternizarmos. O Arraiá do Quinho será legal.
Brambilla

Anônimo disse...

Gostaria de saber qual é a notícia, pois não tive conhecimento...
Achei terrível essa idéia das bolinhas, pois tem botonistas que não cuidam das bolinhas e deixam elas sujas ou em péssimo estado, e seus adversários podem sofrer com isso...
Eu me considero injustiçado, pois ganhei uma bolinha no SESC Pompéia e fui treinar chutes, chutei uma bola pra fora enquanto passava um garotinho de Ubatuba correndo muito rápido e acabou batendo na bolinha... Resultado, sem ter a mínima culpa, eu nunca mais vi a minha bolinha e vou ficar sempre na dependência dos meus adversários, a não ser que pague os 5, 10 reais em outra...
Mas não é de hoje que nosso esporte tem grandes problemas, e a Federação tem uma Ouvidoria que está presente no site, e sei de que funciona essa Ouvidoria, não custa nada darmos a nossa opinião...

É isso gente... torçam por nós nesse findi em Socorro City Ok?

abraçoooos

Thiago Barbosa disse...

Parebéns pelo blog amigos!!! Gostei muito viltarei sempre!! Já são meus favoritos!

Anônimo disse...

Parabéns Renê pelo texto corajoso.
Apenas uma coisa me deixou mais indignado que essa questão das bolinhas...
Pior que bolinhas ovais, são críticas vazias... e o comentário agressivo ao seu texto que li aqui é inadmissível!!
Não aceito pixações "sem rosto".
Quer discordar, como fez o Renê?
Então assine a porra da crítica... como fez o Renê!!
A coisa mais covarde que existe é se esconder atrás do anonimato para criticar, discordar ou condenar uma conduta.
Sobretudo quando o que está em voga é um erro grosseiro dos atuais gestores da Federação; que é a atual situação das benditas bolinhas!
Enxergo uma gestão correta, bem intencionada, íntegra e praticamente irretocável.
Porém, na única coisa em que não foram felizes, devem aceitar SIM as críticas, ao invés de criticar o crítico...
Isso demonstra pouca humildade para reconhecer falhas, inclinação ao autoritarismo e uma profunda incapacidade de notar quem são os reais mantenedores de tudo isso, os verdadeiros detentores de poder... que SOMOS NÓS!!
NÓS QUE SOMOS FEDERADOS E PAGAMOS NOSSAS ANUIDADES E TAXAS A CADA TORNEIO.
A idéia das "bolinhas eternas" foi sofrível, pra não dizer desastrosa... e deveria ser revista imediatamente, ao invés de simplesmente tentarem nos convencer de que nós é que estamos equivocados.
No meu caso em particular, retirei meu material no Aberto do Sesc Pompéia e desde o primeiro jogo notei que havia pegado uma bolinha de RUGBI de mesa!!!!! IMPRATICÁVEL!!!
E aí, como faço?!
Compro outra?!
Não me inscrevo em mais nenhum torneio?
Invento um novo esporte de mesa com 'ovinhos'ao invés de bolinhas?!
Ou jogo o ano todo com "ela" e calo a boca?
...
Cada torneio custa R$ 30,00 para um adulto... será que seria uma abuso requerer que fossem fornecidas bolinhas?!
E redondas, de preferência!!!!
Por essas e outras, concordo plenamente com o autor da crônica no que tange às bolinhas.
Lembrando que esse mesmo autor, apesar de afastado temporariamente de algumas competições, já FOI CAMPEÃO PAULISTA E BRASILEIRO DESSA MERDA!!!!!! E que, apenas por isso, sua opinião deveria ser respeitada e aceita, mesmo que divergente... e mesmo que não fosse respeitado por isso, deveria ser respeitado por ser um dos mantenedores do nosso esporte, como cada um de nós o é... Considerando que somos todos filiados à uma federação e pagadores de nossa obrigações pecuniárias.
Sendo inaceitável que uma opinião sincera e assumida, escrita por alguém que já conquistou os títulos mais importantes de nosso esporte,não seja benvinda, tampouco seja criticada aqui, em nossos domínios, de forma anônima e covarde!!
Então, como será o tratamento se um "mero" botonista sem títulos - como eu - ousar discordar?!
O anonimato e o desrespeito mexem com cada célula nervosa de meu corpo... por isso, paro por aqui.

Peço perdão pelos impropérios, mas sempre parafrasearei o Genial Norberto Bobbio, que dizia:

"- Prefiro os críticos, pois me corrigem; aos bajuladores que só me estragam."

Estou contigo, Renê!!
Enalteça o justo, mas corrija o merecido!

Receba o abraço solidário
desse seu amigo

Jean Cappelli
FPFM - nº 994

Kenji disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kenji disse...

Ótimo texto Rene, parabéns.

Quanto a questão das bolinhas, tudo bem que hajam pessoas que defendam, mas eu pergunto: Não participei do Aberto onde as mesmas foram fornecidas, e em nenhum aberto. Posso pegar uma no próximo aberto que eu participar?